Eu detesto ler pensatas sobre o Kanye West. Parece que todo mundo sabe exatamente o que tá rolando - para criticar ou defender. Ninguém sabe de nada e é um pouco cansativo os especialistas em especulação adivinhatória. Se eu fosse escrever uma hoje seria:
"wtf"
E só.
Sei lá, talvez acrescentar que esse homem não deveria estar sendo entrevistado por estar doente na cabeça (tudo bem documentado, nada que eu tô tirando do meu rabo) e quem faz isso não está interessado em jornalismo. Todo mundo quer "a próxima coisa bizarra que o Kanye vai falar" nos seus programas. E eu entendo que ele é um adulto. Mas quem entrevista ele também é. E tá bem claro que não dá para ter uma conversa lúcida com ele. Aliás, vou excluir o termo "entrevista" dessa narrativa. Não é entrevista, é um espetáculo circense do século retrasado de mau gosto mostrando freaks como entretenimento.
E claro que tudo que ele vem falando me desagrada demais. Não por ele, eu não consigo levá-lo a sério, mas porque valida um discurso antissemita em americanos que estão salivando por isso, aguardando alguém no mainstream ecoá-lo, mesmo sendo alguém em que circunstâncias normais seria odiado por eles. É tudo muito deprimente. Enfim. Eu basicamente não consigo assistir nenhuma delas inteira, e costumo desligar nos primeiros minutos porque acho triste demais, sabendo que gente má e lúcida vai usar isso para exercitar os próprios ódios.
Ele precisa de estabilizadores de humor, não views.
A (não) ver.
Sábado e domingo fiz os últimos shows do ano. Sábado foi irado e domingo foi mais ou menos. Normal, nem toda noite é gloriosa. Essa é a última semana de gravação do podcast também. Confesso não estar com vontade nenhuma de gravar essa semana. Por mim fechava a conta já e voltamos em 2023. Mas tenho certeza que o cara quando tá na última semana da obra não fica choramingando que tem mais uma semana de saco de cimento pra carregar. Então falar meia dúzia de groselha não tem como ser tão dureza assim.